Não tenha vergonha da Bíblia

Não importa qual o caminho que minha mente siga hoje em dia, não posso escapar do papel absolutamente único e essencial que a Bíblia desempenha no propósito de Deus para o universo, para a história, para a igreja, para as escolas cristãs e para nossas vidas pessoais, agora e na eternidade.

Nosso modo de pensar, sentir e agir em relação à Bíblia, com a Bíblia e da Bíblia é decisivo para determinar se nossas vidas, escolas e igrejas estão em conformidade com os propósitos de Deus em relação à salvação e exaltação de Cristo para a história e para toda a criação.

Pense nas implicações impressionantes para as bilhões de pessoas em todo o mundo, incluindo a maioria dos mais e dos menos educados, a maioria dos ricos e a maioria dos pobres – pessoas de todas as línguas, tribos e nações, homens e mulheres, jovens e idosos, que virtualmente nunca orientam o que pensam, sentem ou fazem em torno do que Deus revelou na Bíblia.

Sem a Bíblia

Isso é surpreendente porque, sem discernir corretamente o que é revelado apenas na Bíblia, não podemos conhecer as realidades mais importantes da vida.

  • Sem a Bíblia, não podemos conhecer a verdadeira natureza de Deus e a beleza de sua santidade.
  • Sem a Bíblia, não podemos saber que exaltar a glória de Deus é o propósito final do universo.
  • Sem a Bíblia, não podemos saber que o caminho que Deus designou para a sua glória ser mais plenamente exaltada é através de um povo que é suprema e eternamente feliz nele.
  • Sem a Bíblia, não podemos conhecer a eterna divindade de Cristo, o Filho de Deus, e que todas as coisas foram feitas através dele e para ele.
  • Sem a Bíblia, não podemos saber que todas as coisas que existem – de galáxias a moléculas – são mantidas em existência pela segunda pessoa da Trindade, o Filho de Deus.
  • Sem a Bíblia, não podemos saber que o Filho de Deus se fez carne e habitou entre nós na pessoa de Jesus Cristo.
  • Sem a Bíblia, não podemos conhecer as insondáveis ??riquezas das realizações de Cristo na cruz – sua propiciação por causa da ira de Deus, seu sofrimento sob a maldição da lei, sua condenação a favor dos eleitos, tornando-se pecado mesmo não conhecendo o pecado, suportando o peso das iniquidades de todo o seu povo, adquirindo perdão, aceitação, adoção, livramento do inferno, entrada na vida eterna, e o sim de Deus a todas as promessas da Escritura para o seu povo.
  • Sem a Bíblia, não podemos conhecer o caminho da salvação pela graça através da fé como um dom de Deus à parte das obras da lei.
  • Sem a Bíblia, não podemos conhecer o poder onipotente do Espírito Santo que nos ressuscita da morte espiritual, nos concede um novo nascimento, e nos dá novos corações, e nos sela como possessão de Deus pela fé e nos preserva até o dia de Cristo e para sempre.
    Sem a Bíblia, não podemos conhecer o verdadeiro caminho da santidade e como o Espírito Santo, pela fé, opera em nós o fruto da justiça que vêm através de Jesus Cristo para a glória e louvor de Deus.
  • Sem a Bíblia, não podemos conhecer o significado da igreja com Cristo como a cabeça do corpo, e todas as hostes do céu observando como a sabedoria de Deus é representada na reunião dos redimidos de todos os povos do mundo.
  • Sem a Bíblia, não podemos conhecer o significado do casamento como uma representação planejada por Deus do amor e da aliança entre Cristo e sua igreja.
  • Sem a Bíblia, não podemos conhecer o significado de nossos próprios corpos físicos como comprados com o sangue de Cristo para ser habitação do Espírito de Deus.
  • Sem a Bíblia, não podemos conhecer as dimensões da literatura e da arte que se aproximam da verdade absoluta.
  • Sem a Bíblia, não podemos conhecer a fonte e o objetivo da ciência.
  • E sem a Bíblia, não podemos saber como amar completamente ninguém – isto é, de um modo que lhes faça bem eterno.

Não podemos conhecer nenhuma dessas coisas de uma maneira salvadora – isto é, de um modo que qualquer um, nós mesmos ou outras pessoas, tenhamos um bem permanente – à parte do discernimento correto do que é revelado na Bíblia. E, portanto, todos os objetivos dessa comunicação, à parte do correto manuseio da Bíblia, se tornam nulos.

Portanto, cada vez mais, me parece que a futura fidelidade à glória de Deus, a obediência dependente do Espírito e a exaltação de Cristo pela frutificação em nossas igrejas, em nossas escolas e instituições, e em nossas vidas, dependem da forma de pensar e sentir a respeito da Bíblia.

Assim, minhas dez aspirações para comunicadores cristãos, sejam pastores, pregadores, escritores, professores, editores, pais ou amigos, são todas formuladas em relação a isso – nosso pensamento e nosso sentimento sobre a Bíblia.

Corações que ouvem

Alguém pode perguntar – na verdade eu pergunto – “Mas realidades gravadas profundamente no nosso coração como humildade, vida espiritual, submissão a Deus, e sensibilidade à realidade espiritual não deveriam preceder e permitir um correto manuseio da Bíblia? E esse não deveria ser o objetivo das escolas e ministérios cristãos – cultivar uma espécie de coração e mente que cria a humildade e a submissão que então é submetido a tudo o que a Bíblia ensina”?

Certamente, devemos nos comprometer com essas realidades mais profundas. Mas aqui está o problema: a única razão pela qual sabemos que tais realidades devem existir antes que a Bíblia possa ser conhecida e amada e tratada como deveria ser, é que a Bíblia nos ensina que elas devem existir.

A Bíblia nos ensina que algo mais profundo do que a Bíblia torna possível que o coração humano se submeta à Bíblia. Portanto, como vamos articular e justificar o objetivo de buscar, no coração, algo mais profundo que a Bíblia sem usar a Bíblia?

Isto significa que entre as nossas aspirações para atividades cristãs como escrever, pregar e ensinar, deve estar a de manusearmos a Bíblia de forma que se torne provável que encontremos na Bíblia tudo o que precisamos encontrar para usar a Bíblia corretamente.

Dez aspirações

Então deixe-me sugerir dez aspirações, ou objetivos, para os comunicadores cristãos e como eles se relacionam com a forma como pensamos, sentimos e agimos em relação à Bíblia.

1. Abraçar a Inerrância

Façamos com que nosso objetivo seja o de que todo pastor e mestre, todo membro docente e administrador, todo escritor e orador, dê assentimento alegre e sincero à completa veracidade – isto é, inerrância – da Bíblia em tudo o que ela ensina.

2. Não tenha Vergonha

Que tenhamos como objetivo não ter vergonha de nada que foi ou deve ser feito em relação ao que a Bíblia descreve como a vontade de Deus e que ele determinou que fosse feito. Por exemplo:

  • Não ter vergonha da ordem de Deus no livro de Josué, de que todos os cananeus fossem mortos.
  • Não ter vergonha de sua permissão de poligamia, divórcio e escravidão no Antigo Testamento.
  • Não ter vergonha de sua ordem para que Isaías andasse nu. Sem vergonha do ódio sagrado dos escritores inspirados por pessoas perversas – nos Salmos, por exemplo.
  • Sem vergonha de defender a criação do mundo seis mil anos atrás, se é isso que o texto ensina.
  • Sem vergonha da ordem na qual os homens espiritualmente qualificados, em vez de mulheres, devem ser os Presbíteros das igrejas e os chefes das famílias constituídas por um pai e uma mãe.
  • Sem vergonha de que exista um único caminho para salvação – conhecendo e crendo no evangelho de Cristo.
  • Sem vergonha do ensinamento de que aqueles que praticam a homossexualidade, ganância ou embriaguez, ou insultam ou enganam, e não se arrependem, sofrerão eternamente no inferno.

Pois, se estamos envergonhados dessas partes da Bíblia, o amor pela aprovação humana em detrimento da aprovação de Deus começou a criar raízes. E essa raiz é a fonte de muita deserção da verdade bíblica, especialmente na vida acadêmica (Jo 5.4).

3. Perseguir as intenções dos autores

Vamos nos empenhar em estar comprometidos com todo o ensino da Bíblia de tal forma que os congregantes, leitores e estudantes estejam preparados para prestar atenção detalhada às suas palavras, frases, cláusulas e lógica, e para penetrar através destes instrumentos humanos até às intenções mentais, emocionais e comportamentais dos autores, e às grandes realidades que eles estão tentando comunicar.

4. Construa uma visão bíblica da realidade

Tenhamos como objetivo construir equipes que reflitam profundamente sobre as realidades das Escrituras em relação a todas as outras observações em todas as outras disciplinas, que os alunos e leitores sejam capazes de ver a profunda relevância da visão bíblica da realidade para tudo o que pensam e estudam, que não haja nenhum constrangimento em relacionarmos tudo com as Escrituras e testarmos tudo pelas Escrituras, porque descobrimos que a revelação de Deus sobre o mundo nunca pode ser superficial ou irrelevante.

5. Fale com Precisão

Procuremos manejar as Escrituras com tanta precisão, cuidado e discernimento, iluminação espiritual e autenticidade experiencial, que o nosso padrão não seja o de falar em generalidades vagas sobre a vontade de Deus e da maneira de Deus, mas sejamos verdadeiramente hábeis para observar pontos específicos dos versículos da Bíblia onde a realidade gloriosa é revelada e onde a vontade de Deus e os caminhos de Deus são explicitados, e podendo fazê-lo, felizmente, de tal forma que nós citamos as verdades da Escritura com pouca preocupação em relação a estarmos sendo criticados.

Em outras palavras, deixe-a permanecer como uma advertência contínua de que, nos últimos cem anos, aqueles que rejeitam a realidade por trás da Escritura têm feito isso enquanto continuam a usar a linguagem cristã, mas evitam citações textuais precisas.

6. Ame os idiomas

Vamos nos empenhar em dar um alto prêmio em nosso treinamento pastoral sobre o domínio do grego e do hebraico, na medida em que futuros pregadores tenham confiança suficiente de que quando interpretam o texto grego e hebraico do Antigo e do Novo Testamento, eles estão extraindo a intenção do autor e estão em contato com a realidade que Deus está revelando por trás e através do texto.

Nunca permitamos que a pressão pragmática sobre os pastores coopere para diminuir nossa confiança de que o ensino de grego e hebraico, na verdade, os tornará ainda mais úteis a longo prazo na igreja de Cristo.

7. Cultive Hábitos do Coração

Vamos tentar tornar a Bíblia tão fundamental e tão difundida em todos os aspectos de nossos currículos de faculdades e seminários de forma que ela nunca seja vista como a competência de apenas um departamento, como o de estudos bíblicos, em vez de ser essencial para todos os departamentos, de modo que os alunos realmente percebam que o estudo sério das Escrituras aprofunda suas capacidades em seus hábitos do coração: observação, compreensão, avaliação, sentimento, aplicação e expressão.

Procuremos tornar a Bíblia tão proeminente, tão difundida e profundamente relevante em lidar com todo tipo de assunto que os alunos cresçam em sua confiança de que o que pode ser conhecido somente através da Bíblia aumenta e aprofunda e esclarece e fortalece tudo o que eles aprendem de outras fontes.

8. Celebre a relevância

Procuremos tratar da Bíblia de tal maneira que ela sempre se sobressaia, para aqueles que lerem o que escrevemos e ouvirem o que dizemos, como uma fonte de revelação divina absolutamente oportuna, relevante e indispensável com relação ao mundo em que vivemos. Nunca deixemos a impressão de que este Livro é de alguma forma antigo, ultrapassado ou irrelevante, mas de fato está repleto do tipo de sabedoria humana, histórica, cultural, social, psicológica e relacional que se aprofunda e dura mais tempo do que as tendências passageiras de todas as humanidades e ciências sociais e físicas.

9. Mostre estima contagiosa

Vamos nos concentrar em ensinar e explicar a Bíblia dessa maneira, e viver a Bíblia de forma a encorajar, equipar e capacitar futuros pastores, professores e escritores a se comunicarem de uma maneira que aqueles que os ouvirem reconhecerão sua alta estima pela autoridade, sabedoria e valor da Bíblia, e ficarão gratos, e até maravilhados, com os tesouros que eles compartilham da Escritura para a vida cristã com todas as suas alegrias e tristezas.

10. Ore Sinceramente e Constantemente

Procuremos cultivar um caráter de fervorosa e contínua oração por humildade e iluminação, dadas por Deus, que não apenas nos revele o significado mais profundo e rico do que a Bíblia ensina, mas também nos permita ver a glória que revela a autenticidade de Deus no e através do texto, que fornece a base da nossa confiança inabalável na origem e autoridade divinas e na relevância universal da Bíblia.

Se Deus quiser, em sua misericórdia e poder, cumprir esses objetivos nos anos vindouros, creio que a fidelidade que glorifica a Deus, a obediência dependente do Espírito e a exaltação de Cristo pela frutificação de nossas igrejas, ministérios e instituições acadêmicas excederão todas as nossas expectativas.

Tradução: Paulo Reiss Junior. | Revisão: Filipe Castelo Branco.

Fonte: Unashamed of the Bible. <https://www.desiringgod.org/articles/unashamed-of-the-bible> acessado em 06/05/2019

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