Quem lê este artigo e não é um pregador “profissional” (por assim dizer) pode não imaginar, mas pregar em uma grande igreja, em que você não é conhecido, é mais fácil do que na sua própria igreja.
Eu já ouvi muitos justificarem que é por causa do pastor local pelo qual se deve respeito, outros porque a igreja é muito “espiritual” então o “peso da pregação” é maior; ainda tem aquele justificando que a igreja está acostumada com boas pregações, portanto a responsabilidade é maior. Mas se esta é a questão será que a igreja longe da sua casa, e onde você não é tão conhecido, não se deve respeito ao pastor local? Será que tal igreja não é “espiritual” e portanto não precisa de “peso para pregar?” Então por estar distante a igreja não conhece boas pregações e por isto se pode falar qualquer coisa? Será que a congregação distante sua não merece “boa pregação?”.
Eu tenho algumas teorias e a primeira é que existe uma necessidade de superação em nós. Onde somos conhecidos as pessoas já sabem da nossa capacidade, conhece nosso jeito, portanto é muito difícil surpreender e logo nos deparamos com a ansiedade do momento. Jesus mesmo disse que “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!” (Mateus 13, 57).
Quando o pregador está na sua igreja todos o conhecem, sabem da sua frequência aos cultos, como trata sua esposa, como seus filhos são disciplinados (ou indisciplinados). Na sua própria congregação todos sabem como o pregador se comporta em relação a seus pastores e a respectiva sua submissão a eles. Se o dado pregador cumprimenta os diáconos na porta da igreja (ou se levanta o nariz e passa direto), se paga a conta da cantina e até mesmo se ainda está devendo o acampamento do carnaval do ano passado.
E agora sabemos o motivo de tanta aflição e tanto medo na hora de pregar. Afinal de contas se o pregador está devendo a conta da cantina, ou o acampamento como ele pode falar de vida moral? Se os filhos dele são indisciplinados como pode ser um obreiro na casa do Senhor? Afinal o apóstolo Paulo nos ensina que o obreiro “deve (…) governar bem seus filhos e sua própria casa“. (1 Timóteo 3:12 – grifo meu). Se ignora os irmãos na recepção da igreja, como pode falar sobre comunhão entre os crentes?
Nossa pregação não começa quando pegamos o microfone, mas quando acordamos e somos gentis com a esposa, quando se percebe que os filhos ainda estão dormindo e não o tiramos da cama aos berros e com palavras de maldição do tipo: “preguiçoso(a)”, “nunca vai vencer na vida”, “vai morrer de tanto dormir”, “criança irresponsável”, etc. Nossa pregação continua quando paramos na faixa para o pedestre, quando devolvemos o troco que veio errado, quando somos bons patrões ou chefes de departamento, quando honramos nossos compromissos, sejam eles morais ou financeiros. Quando dizemos não para os prazeres do mundo, pois esperamos uma recompensa maior em Cristo Jesus.
O que fazemos durante o sermão é apenas uma continuação da nossa rotina diária, por isto é tão difícil pregar em nossa própria congregação. Como disse Hernandes Dias Lopes: “O sermão mais difícil de pregar é aquele que pregamos para nós mesmos“.
Por: Ricardo Moreira Braz do Nascimento
não tenho nem o que comentar o texto disse tudo
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Excelente texto. Infelizmente existe essa dificuldade.
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