A região de Ofir
Ofir é um substantivo referente ao décimo-primeiro filho de Joctã (Gn 10.29) e a uma região famosa pelo seu ouro, O nome é mencionado com “Sabá” e ” Havilã ” em Gênesis 10.28-29 e 1 Crônicas 1.22-23, Desde que estes dois nomes são nomes de locais, alguns estudiosos acham que o indivíduo “Ofir” deve estar relacionado com o local, mas outros estudiosos negam qualquer relação entre os dois.
Em hebraico “Ofir” significa, “rico” ou “gordo”. Esse foi o nome de uma pessoa e também de uma região geográfica, mencionadas nas páginas do Antigo Testamento. Assim era chamado um dos treze filhos de Joctã, filho de Éber (Gn. 10:29 e 1 Cr. 1:23). Esse nome veio a designar uma das tribos árabes. As tradições islâmicas equiparam Joctã com Qahtan, filho de Ismael e pai de todos os árabes.
Ofir também era o nome de uma região muito produtiva de ouro, possivelmente localizada na parte sudoeste da Arábia, onde hoje é o Iêmen. Talvez incluísse parte das costas marítimas africanas adjacentes. Seja como for, o fato é que Ofir foi famosa por suas minas de ouro, que ali foram descobertas no século IX a.C.
A localização de Ofir não foi identificada de modo conclusivo. Os eruditos não têm certeza quanto à localização exata de Ofir, pelo que há várias teorias a respeito: parte sudoeste da Arábia, parte sudeste da Arábia, nordeste das costas africanas; Supara, a quase cem quilômetros ao norte de Bombaim, na índia. Jerônimo (347-420 d.C) pensava que Ofir ficava na índia; e, de fato, há alguma evidência em favor dessa opinião, devido aos produtos de comércio associados a Ofir.
Uma possibilidade é que Ofir tenha sido localizada na República da Somália, país que se situa no extremo oriental da África, antes conhecido como Punt. Os produtos obtidos em Ofir são conhecidos na África, e as palavras hebraicas para as duas espécies de macaco (macacos antropôides e babuínos/bugios) tem relação com palavras egípcias.
Outra teoria coloca Ofir na índia, onde as mercadorias mencionadas também podiam ser encontradas, especialmente se se tratava realmente de madeira de sândalo. Alguns identificam Ofir com Supara cerca de 100 km ao norte de Bombaim, O comércio entre a índia e o Golfo Pérsico desde o segundo milênio a.C. é fato comprovado Jerônimo chegou a traduzir Ofir por “Índia” uma vez (Jó 28.16 na Vulgata Latina). refletindo a forte tradição de seus dias.
Uma terceira alternativa é a costa sudoeste da Arábia. A relação próxima entre Ofir e Sabá e Havilá em Gênesis 10.29 apoia esta identificação. Maarif no Iêmen tem sido julgada como localização de Ofir. Esta teoria não impede a possibilidade de que algumas das mercadorias fossem originariamente trazidas da índia para Ofir.
Ofir é mencionado pela primeira vez quando relata sobre Davi, que acumulou 3.000 talentos de ouro de Ofir para a construção do templo de Salomão (1 Cr 29.4). Salomão teve a cooperação de Hirão, de Tiro, para enviar navios de Eziom-Geber para Ofir, à procura deste mesmo ouro (1 Rs 9.23).
Estes navios também trouxeram grande quantidade de madeira de sândalo e pedras preciosas 1 Rs 10:11), além de muita prata, marfim, bugios e pavões (?) (1 Rs 10.22). Na realidade, o versículo 22 não menciona Ofir, contudo os navios de Társis eram muito provavelmente as grandes naus que navegavam até Ofir a cada três anos (2 Cr 9.21). Em 1 Rs 22.49 o rei Jeosafá construiu “navios de Társis” para viajar a Ofir em busca de ouro, no entanto este empreendimento fracassou no século depois de Salomão, antes que os navios pudessem zarpar de Eziom-Geber. Alguns eruditos acreditam que “Társis” significa normalmente embarcações utilizadas para transportar minérios ou metais.
O ouro de Ofir
Uma referência ao ouro de Ofir foi encontrada em um fragmento de cerâmica pré-exílico descoberto em Teil Qasileh. A inscrição diz: “Ouro de Ofir para Bete-Horom, 30 ciclos” (MAISLER, B. T Two Hebrew ostraca from Tell Qasile, JNES, 10:265-7). Esta descoberta indica que pelo menos um rei que viveu depois de Josafá foi bem-sucedido em sua busca pelo ouro de Ofir.
O valor do ouro de Ofir pode ser percebido em algumas passagens poéticas. Em Isaías 13.12 é comparado ao “ouro puro” (Jó 28.15-16). Em Salmos 45.9-10 a rainha é descrita como adornada de ouro finíssimo de Ofir, Em Jó 22,24 a palavra “Ofir” parece ter o sentido de “o ouro de Ofir”.
Várias referências bíblicas enfatizam sua produção de ouro (Cr. 8:18; Jó 22:24; 28:16: Sl. 45:9; Is. 13:12). Mas outros itens, como o sândalo (1 Rs 10:11), a prata, o marfim e duas variedades de bugios (macacos) (1 Reis 10:22), além de pedras preciosas (2 Cr. 9:10) também aparecem como riquezas e artigos de comércio associados a Ofir.
Ofir era visitada pela frota de navios comerciais de Salomão, como também pelos fenícios, grandes navegadores do passado. Salomão trocava seu precioso cobre, extraído de Arabá, a fim de adquirir produtos de Ofir (1 Rs 9:26-28; 22:48; 1 Cr. 8:17,18; 19:10). Salomão apreciava itens exóticos, e tinha dinheiro para negociar com essas coisas. Por isso ele importava pavões e bugios, juntamente com muitos outros artigos (1 Reis 10:22).
Salomão usava o ouro proveniente de Ofir a fim de adornar seu trono, o templo de Jerusalém e a casa da floresta do Líbano (1 Rs 10:14-19). Flávio Josefo (Antiguidades 8:6,4) referiu-se ao alegado comércio de Salomão com a índia; e Jerônimo muito contribuiu para propagar essas tradições, embora seja difícil julgar a validade delas.
Por: Ricardo Moreira Braz do Nascimento
Referências
- Champlin, R. N,O Antigo Testamento Interpretado. Editora Hagnos, 2014
- Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, R. Laird Harris. Edições Vida Nova 1998
Muito bom!
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