No principal uso cristão, “Deus” (com “D” maiúsculo), funciona como nome próprio. Ou seja, é um nome pessoal, pertencendo a um único ser, atraindo para si todos os pensamentos que os nomes e as descrições bíblicas de Deus expressam.
Os principais nomes de Deus no Antigo Testamento, todos proclamando aspectos de sua natureza e relação com a raça humana, são os seguintes:
- El, Eloah, Elohim (“Deus” , derivado de ho theos, na Septuaginta (ou LXX – tradução grega da bíblia hebraica), El Elyon (“Deus Altíssimo”). Esses nomes comunicam o pensamento de um ser transcendente, sobre-humana-mente forte, com vida inexaurível em si mesmo e de quem depende tudo o que não seja ele próprio.
- Adonay (“Senhor” ; kyrios, na LXX). Significa aquele que governa sobre tudo que seja externo a ele mesmo.
- Yahweh (“o Senhor” , seguido de kyrios, na LXX), Yahweh Sebaoth (“Senhor das hostes, dos exércitos, celestiais, angelicais”). Yahweh é o nome pessoal que Deus dá a si próprio, nas Escrituras, pelo qual seu povo deveria invocá-lo como o Senhor que com ele havia feito uma aliança a fim de lhes fazer o bem.
Quando Deus afirma seu nome pela primeira vez a Moisés, na sarça ardente, ele o explica como significando: “Eu Sou O Que Sou”, ou talvez com mais exatidão: “Eu Serei O Que Serei”. Foi essa uma declaração de existência independente e autodeterminante (Êx 3:14-15). Mais tarde, Deus “proclama”, isto é, expõe, “o nome do Senhor”, como se segue: “Senhor, Senhor, Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e fidelidade, que mantém o seu amor a milhares e perdoa a maldade, a rebelião e o pecado. Contudo, não deixa de punir o culpado, castiga os filhos e os netos pelo pecado de seus pais, até a terceira e quarta gerações” (Êx 34:6-7).
Yahweh é o nome que traz consigo o pensamento de alguém maravilhosamente amável e paciente, embora também tremendamente severo, comprometido com o povo da aliança, escolhido por esse próprio ser auto sustentado e autorrenovado, a quem a teofania da sarça ardente descreve.
O Novo Testamento identifica o Deus Pai de Jesus Cristo e dos cristãos, mediante Cristo, como o mesmo Deus do AT, o único Deus que existe (1 Co 8:5-6), vendo a salvação por Cristo como o cumprimento das promessas do Deus do AT. Assim, é detido o avanço de todos os dualismos, que se opunham a Deus ou à ideia de Deus que o AT apresenta, para com o Deus-Redentor visto e descrito em Jesus. “Pai” torna-se a invocação a Deus, que Jesus, orando a Deus Pai, prescreve para seus discípulos (Mt 6:9; 1 Pe 1:17); “Senhor” , usado na LXX para sugerir tanto a divindade como o domínio de Deus, torna-se o termo comum para caracterizar, confessar e invocar Cristo ressuscitado e entronizado (At 2:36; 10:36; Rm 10:9-13; 1 Co 8:6; 2 Co 12.8-10; Ap 22:20; etc.).
O nome sob o qual os discípulos de Jesus deveriam ser batizados, como sinal de um comprometido relacionamento salvífico de Deus para com eles e do comprometimento responsivo deles para com Deus, é o nome tripessoal dos agentes distintos, embora inteiramente inseparáveis, Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 28:19). É este, na verdade, o “nome cristão” de Deus.
Fonte: Ferguson, Sinclair B. Novo dicionário de teologia / Sinclair B. Ferguson, David F. Wright. São Paulo : Editora Hagnos, 2009.
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