Judas Iscariotes é um dos doze apóstolos de Jesus que sempre aparece em último lugar nas listas dos evangelhos sinóticos, normalmente com a descrição “que o traiu” (Marcos 3.19, por exemplo). Seu pai se chamava Simão Iscariotes (João 6.71). Em resumo, Judas Iscariotes foi escolhido por Jesus para ser apóstolo (Mateus 10:4), foi tesoureiro do grupo (João 12.6), traiu a Jesus (Mateus 26.47-49) e, depois se enforcou (Mateus 27.3-5; Atos 1.16-19).
O sobrenome Iscariotes provavelmente vem de “homem de Queriote’” , que de acordo com Jeremias 48.24 e Amós 2.2. A cidade fica em Moabe, mas existe outra identificação possível, senão Queriote-Hezrom (Josué 15.25) há 19 km de Hebrom. Portanto, Judas Iscariotes não era da Galileia.
Sabemos que era o tesoureiro do grupo discípulos, e também que furtava o dinheiro (João 12.6; 13.29). A julgar pelo seu caráter, podemos considerar que Judas aceitou seguir a Jesus com interesse financeiro no reino de Deus. Ele pode ter pensado seria algum tipo de revolução política para a época; sendo ele um dos veteranos seria muito bem recompensado.
Judas foi um duro crítico daquela Maria que ungiu os pés de Jesus em um gesto de profunda generosidade, com a alegação (capciosa) de que o valor do perfume poderia ter sido mais bem aplicado em ações de caridade. Após este acontecimento Judas foi até os principais sacerdotes a fim de trair Jesus secretamente, esta traição recebeu uma recompensa financeira de 30 moedas de prata, sendo este o valor o suficiente para comprar um escravo naquela época (Marcos 14.4; João 12.3).
A oportunidade veio na noite da última ceia, quando Jesus ofereceu o bocado tradicional da Páscoa a Judas como último apelo à lealdade desse apóstolo. Mas Judas não mudou de ideia, e Satanás assumiu o controle sobre ele (João 13.27). O traidor delatou o segredo do local de encontro no Getsêmani, e um destacamento de soldados prendeu Jesus. Judas identificou Jesus através de um beijo (Marcos 14.43). Duas versões do fim da vida de Judas foram preservadas nas Escrituras Sagradas, em Mateus 27.3 e Atos 1.18, enquanto Atos 1.25 traz um relato direto ao assunto relatando que o traidor foi até o destino reservado por ele mesmo.
No dia seguinte, Judas refletiu sobre o que tinha feito, soube da condenação de Jesus e que este seria crucificado. O sentimento de culpa tomou conta dele de um modo desesperador; de modo que foi até os príncipes dos sacerdotes e disse: “Pequei, entregando o sangue inocente”, devolvendo as trinta moedas de prata; atitude esta que não foi aceita (Mateus 27:3-5). Saindo dali, Judas se enforcou, foi por fim teve suas entranhas esparramadas por todos os lados (Atos 1.18).
Não há dúvida de que Jesus o considerava um discípulo em potencial, e repetidas vezes tentou resgatá-lo. O fato de Jesus poder prever a traição não significa que Judas não podia evitar se tornar o traidor. Provavelmente nunca pertenceu, de fato, a Cristo e ao grupo de discípulos do mestre. Ele é um exemplo de seguidor não comprometido, que convive com Jesus, mas não compartilha do seu espírito (Romanos 8-9).
Muitas afirmações têm sido feitas a respeito dos motivos de Judas, entre eles a cobiça; inveja, medo do que aconteceria com o ministério de Jesus, seguido do desejo de ser poupado em caso de perseguição e prisão. O desejo de que Jesus se declarasse logo o Messias, deu lugar a um espírito amargo que se transformou em ódio. Quando percebeu que suas ambições estavam sendo prejudicadas, afinal Jesus nunca deu indícios de um reino terreno, ou muito menos algum tipo de recompensa material para qualquer pessoa o que o seguisse.
Em relação à misericórdia e ao perdão de Deus, cabe destacar que o fato de Judas não ter suplicado pela misericórdia de Jesus significa que tacitamente recusou o perdão de Jesus.
Por: Ricardo Moreira Braz do Nascimento
Referências Bibliográficas
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Dicionário Bíblico Vida Nova / Editor. Derek Williams; Tradução: Lucy Yamakami [et al.]. São Paulo: Vida Nova, 2000.
DOUGLAS, J.D. O Novo Dicionário da Bíblia; Editora Vida Nova, 2006
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo: São Paulo: Hagnos, 2002.
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