Conversão – Um breve estudo

Definição do termo

A palavra conversão é muito comum na igreja, quando alguém de uma religião (qualquer) e se torna evangélico, por exemplo, dizemos que esta pessoa se converteu. Mas a palavra também acontece quando alguém muda de opinião, ou mesmo de rota no trânsito. Se alguém está em dada direção numa avenida e de repente toma o sentido contrário, é dito que houve uma conversão no trânsito. Então vamos entender melhor o uso da palavra conversão.

O termo “conversão” pode ser usado em relação a uma variedade de disciplinas, entre as quais estudos bíblicos, História, Teologia, Sociologia e Psicologia. Suas implicações são as mais amplas e diversificadas, uma vez que a conversão é um fenômeno universal que pode ser manifesto tanto em uma experiência religiosa como não religiosa.

As palavras gregas usadas para esse conceito no Novo Testamento são epistrepho (επιστρεφω – na LXX é mais comumente traduzido do hebraico סאב (súb – significando “voltar”, “retornar”) e seus cognatos, especialmente στρεφω (strephõ – “virar”, “dar a volta”). O significado literal desses dois verbos é “voltar”, no sentido de mudar a direção (como em João João 21.20). Desse uso deriva a ocorrência figurativa e intransitiva no Novo Testamento de “tornar” para denotar (como em 1 Tessalonicenses 1.9) uma reorientação decisiva em direção a Deus.

Aplicação prática na vida do convertido

Na teologia cristã, a conversão pode se distinguir do renascimento espiritual, ou regeneração. A conversão é o ato de voltar-se do pecado e do “eu” em direção a Deus, mediante Jesus Cristo, quase sempre como resultado de alguma forma de pregação cristã. Em determinado ponto no processo, Deus, por sua graça, regenera o crente e lhe dá a vida eterna (Romanos 6.23; 2 Coríntios 5.17). De acordo com o ensino do Novo Testamento, ambas as ações são simbolizadas no batismo, que expressa tanto o processo envolvido na conversão quanto o momento exato da regeneração.

A regeneração e a conversão incluem, assim, uma participação de Deus e outra do homem. Da parte humana, está o arrependimento (ou mudança de mente) e a fé salvífica (Marcos 1.15), resultando em nova orientação individual (Romanos 6.11).

Ainda assim o processo de conversão é uma resposta à obra de Jesus Cristo. Assim, mediante uma fé dada por Deus, manifestada pelo batismo (Efésios 2.8; Colossenses 2.12), torna-se possível receber o perdão (Atos 2.38), incorporação em Cristo (Romanos 6.3-5), o dom do Espírito Santo (Atos 2.38; João 3.5,8), renovação (Tito 3.5) e graça para viver uma nova vida (Romanos 6.4,22).

A conversão e a santificação do crente

Pode-se argumentar, com base na evidência linguística do Novo Testamento, que a conversão é completada pela regeneração. Não obstante, a in­corporação batismal, que age como foco dessa resposta de duas vias entre Deus e o homem, está ligada, no Novo Testamento, à exigência de crescente santidade (1 Pedro 1.4-6).

O cristão convertido é chamado a isso para ser convertido, mas uma pessoa renascida, batizada, precisa supe­rar continuamente as implicações desse ato. Além disso, enquanto a conversão é um a experiência individual, aquele que se converte passa a pertencer a uma comu­nidade, a comunidade da igreja, sendo-lhe requerido manter sua fé e exercer serviço em um contexto corporativo (Atos 20.32). Assim, a conversão e a renovação pelo Es­pírito são aspectos duradouros da vida cristã.

A exigência de conversão pesso­al fazia parte da pregação apostóli­ca e, desde essa época, é o aspecto principal de algumas das formas de evangelização. Mas será a con­versão, no sentido de “nascer duas vezes” , essencial para o comprome­timento cristão?

Evidentemente, não existe nenhuma experiência de conversão arquetípica à qual todo cristão deveria se submeter. Porem mesmo que o processo de se voltar para Deus possa assumir muitas formas, possa ser repentina ou gradual em seu caráter, a evidência do Novo Testamento sugere que se trata de um fundamento indispensável para a crença do cristão e tudo o mais que possa fluir a patir daí.

Podemos concluir, com base nisso, que a “pregação para conversão e renascimento”, de tal modo que os que estejam sendo salvos possam ser acrescidos à comunidade cristã, é tarefa crucial na igreja de hoje.

Por: Ricardo Moreira Braz do Nascimento

Bibliografia

J. Baillie, Baptism and Conversion (London, 1964);
W. Barclay, Tum ing to God (London, 1963);
G. Bertram, T D N T V II, p. 714-729; W. James, The Varieties o f Religious Experience (1902; ed. M. E. Marty, Harmondsworth, 1983);
F. Laubach, J. Goestzmann, U. Becker, NIDNTTI, p. 353-362;
A. D. Nock, “Conversion (Oxford, 1933); S. S. Smalley, Conversion in the New Testament”, Churchman 78 (1964), p. 193-210.

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